Saturday, June 12, 2010

Alexandre Matos e Vitor Mizael - Corpus in Obra

Sabemos que a representação da figura humana na arte é universal. E que por meio da imagem do corpo obtemos, muitas vezes, um veículo expressivo da constatação da nossa existência. Existência esta que se faz de modo contínuo, diariamente, como uma obra em constante processo de realização. Alexandre Matos e Vitor Mizael, em seus trabalhos, também apresentam figuras humanas, a corporalidade destas e questões que permeiam a construção dos indivíduos.














Alexandre Matos
Rodas, 2009
Nanquim s/ papel

Alexandre parece nos arremessar num abismo em suas pinturas, desenhos e esculturas. Nestes trabalhos, as figuras não se apóiam em uma apresentação de linha de chão. Os corpos surgem juntos – característica freqüente em sua produção – numa aparente busca de equilíbrio entre si. Figuras parecem buscar um eixo de sustentação no meio do nada. Amontoados de corpos se juntam em círculos, cordões, totens. Outras vezes eles estão próximos mas não se tocam. Uma sensação mista de dança e acrobacias nos é criada ao observarmos tais obras. A redução das figuras em uma corporalidade linear também reforça a noção de sustentação precária e esforço constante para a manutenção de uma situação estável. Uma luta entre corpos e espaço parece ser travada. Leveza e delicadeza se somam nestas imagens em que escadas e pipas funcionam como extensões dos próprios seres.











Vitor Mizael
Auto-retrato, 2007
Nanquim s/ papel, 10x7 cm

Mizael constrói pontes com suas obras. O que é dito, palavra, media o que é visto – raios x, esqueletos, partes de corpos. A palavra e a imagem se unem exalando sensações. Desejo, amor, sexo, fragilidade, abandono - gravados nas entranhas, na pele, na carne. Uma desestruturação da imagem corporal banalizada nos mergulha em uma fluidez psíquica que a potencializa. O que é observado deve ser elemento para se constituir com sugestões o que é vivenciado. Mizael, não alinhava um discurso objetivo, mas trama com possibilidades de arranjos, entre palavras e imagens, o que cada um de nós pode “sentir na pele".

Percorrendo caminhos personalizados, cada qual nos remetendo a um universo próprio de problematizações e referências, os dois artistas se debruçam sobre a figura humana e a sua representação por meio do corpo e de outros elementos simbólicos que conformam cada ser. E assim, a representação da figura humana, explorada em sua corporalidade e em sua condição de existência lírica e trágica, é uma peça significativa na constituição de seus corpus de obra.

Paulo Trevisan

3 comments:

G.M. said...

Oi Paulo,
Passei por aqui por conta de umas pesquisas que estava fazendo e fiquei feliz de descobrir que voce é o autor do blog.

depois quero falar com voce!

um grande abraco,
Gabriel Malard

Brenda Cueba said...

Oi Paulo!!

Passei por aqui, pois estou fazendo um blog para mim também se for possivel de uma passadinha por lá!!
o endereço é brendacueba.blogspot.com

Valeu!!!
Bjão.

CLAUDIO DAMASCENO said...

Olá, obrigado pelo excelente material postado.
Sou artista plástico e gostaria que você visse e se possível comentasse o meu trabalho.

www.corduraclaudiodamasceno.blogspot.com

www.falsasimetriaclaudiodamasceno.blogspot.com

São desenhos com canetas esferográficas e gravuras em serigrafia.

Paz e saúde!