A trajetória de Marcela Tiboni vem constituindo-se de trabalhos nos quais, sob o código da assimilação pela vivência e as experiências decorrentes desta, desvela-se a relação da artista com a Arte.
Suas obras são motivadas pela sinceridade da apresentação metafórica (que toda boa obra de arte carrega consigo) do olhar e do sentir, terrenos privilegiados na seara artística. Desta forma, para Marcela, o gesto do artista ou o olhar do artista se configuram impregnados pela própria matéria da Arte. E, deste modo, nos coloca que a Arte não se encontra apenas no objeto produzido pelo artista, mas em todo o processo desenvolvido por ele, manifestando-se, portanto, no momento da concepção e realização, e, também, na própria fruição realizada pelo espectador.
Em torno desta discussão sobre a Arte, o seu fazer e o seu sentir, a artista cria, de forma pulsante e densa, um breviário que acolhe todas as instâncias que envolvem uma obra de arte e seu fabrico. E assim nos evidencia: Poderia o olhar do artista não estar impregnado pela carga que carrega consigo de suas experiências de sensibilização e reflexão intelectual produzidas com a Arte, sua história, e seus processos? E este mesmo olhar já não guarda em si o gérmen que se constituirá num trabalho finalizado? E o gesto? Este, por sua vez, não é também matéria da Arte, na medida em que ele é elemento participativo do momento da criação?
Suas obras são motivadas pela sinceridade da apresentação metafórica (que toda boa obra de arte carrega consigo) do olhar e do sentir, terrenos privilegiados na seara artística. Desta forma, para Marcela, o gesto do artista ou o olhar do artista se configuram impregnados pela própria matéria da Arte. E, deste modo, nos coloca que a Arte não se encontra apenas no objeto produzido pelo artista, mas em todo o processo desenvolvido por ele, manifestando-se, portanto, no momento da concepção e realização, e, também, na própria fruição realizada pelo espectador.
Em torno desta discussão sobre a Arte, o seu fazer e o seu sentir, a artista cria, de forma pulsante e densa, um breviário que acolhe todas as instâncias que envolvem uma obra de arte e seu fabrico. E assim nos evidencia: Poderia o olhar do artista não estar impregnado pela carga que carrega consigo de suas experiências de sensibilização e reflexão intelectual produzidas com a Arte, sua história, e seus processos? E este mesmo olhar já não guarda em si o gérmen que se constituirá num trabalho finalizado? E o gesto? Este, por sua vez, não é também matéria da Arte, na medida em que ele é elemento participativo do momento da criação?

Fotografia
Colecão Particular, SP
Questões como estas podem ser postas a partir de trabalhos como ‘O olhar do artista’ e ‘O gesto da Arte’, ambos de 2003. No primeiro, um olho se apresenta em close em meio a tintas coloridas que parecem emoldurá-lo, mas que também insinuam originarem-se a partir dele próprio. No segundo, mãos aparentam tentar interromper, sob um fundo vermelho, um fio de tinta de mesma cor, que cai. Neste seu deslizar, a matéria, que escoa uniformemente sem vida, parece estremecer ao toque intenso daquelas mãos e insistir em continuar desconcertada seu percurso, ao mesmo tempo em que impregna de vibração cromática os membros obstrutores (ou vitalizadores?!).

Fotografia
Coleção Particular, SP
Muito para além de ser, como ocorre em muitos casos hoje, um mero comentário a respeito do conhecimento sobre a Arte - fundamentado em informações, muitas vezes superficiais, da História da Arte - ou sem se deixar levar por uma metalinguagem vazia e por resquícios caducos da arte conceitual (que vemos invadir exposições), a obra da jovem artista Marcela Tiboni é dotada de uma sensibilidade e intensidade que atribuem ao seu percurso consistência e propriedade e a torna uma das mais vibrantes a surgir, nestes últimos anos, entre nós.
Paulo Trevisan, 2005
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