Sunday, October 01, 2006

Pra começar - Falar De Arte

Escrever é sempre uma tarefa complicada. Exige organização, paciência e motivação. E, escrever sobre Arte parece se fazer ainda mais difícil. Não obstante às demandas acima apontadas, a escrita sobre a Arte se revela mais árdua por ser trabalhada em terreno movediço, em sítio de espelhamentos e projeções.
Penso que a Arte (e, por extensão, tudo aquilo que a ela se relaciona) se configura como um poliedro laminado por espelhos que pode revelar possibilidades de combinações diversas em suas projeções. Combinatórias de projeções do indivíduo que se debruça sobre tal objeto - e o gira na mão, e também aquelas do mundo que envolve tanto o objeto como o observador. Contudo, esta visão multifacetada e plausível de arranjos – de nós e do mundo - parte do objeto, do reflexo de suas faces.
Acredito ainda que escrever sobre Arte é escrever sobre a cultura em câmbio. Nunca temos o objeto de arte por si só. Quando isso ocorre estamos trabalhando com o insuficiente. É claro que o objeto também se comunica por ele mesmo – naqueles aspectos que lhe são possíveis – os formais quase sempre. Porém, toda obra está impregnada da motivação que a desencadeou, e esta, por sua vez, não está livre de sua construção no tempo e no espaço. Portanto, falar de Arte é falar da experiência humana através dos tempos. É falar do pensamento encarnado e perplexo - consigo mesmo e com o mundo que o criou.
Neste blog me disponho a tratar da Arte. Aventuro-me porque o desafio assanha meu espírito. E a complexidade testa meus limites. E, como num jogo, vibro embalado entre sensibilização e ato de intelectualizar - nunca sabendo qual motivou qual.
Nestes textos, não procuro discorrer sobre “verdades” já ditas, mas sobre minhas vivências com obras e artistas. Não prego uma unilateralidade, uma vez que as obras abrem possibilidades distintas para cada receptor. Mas, como não admito o subjetivismo exacerbado, me detenho na sua existência real e no que em mim é motivado a partir do que ela me informa.
Também, não promovo, nestes escritos, uma pesquisa acadêmica que se proponha definitiva sobre algum assunto, e nem carrego, desta referência (produção de textos para a academia) a necessidade de se fazer legítimo por meio de citações (de textos anteriores ou de “autoridade”). Traço aqui um encontro íntimo entre mim e as obras, entre mim e o mundo.
Se, por ora, usar de juízos de valor, gostaria já, de antemão, apresentar os caminhos por que passei para emiti-los:
1- um juízo é resultado de uma comparação;
2- deve se dar de maneira claro para que aqueles que venham a ter contato com ele possam entendê-lo como legítimo ou não. E, pela transparência de sua estruturação, ser este juízo passível de discordância - fundamentada em argumentação que se articule sobre os mesmos pontos estruturais utilizados para a edificação deste;
3- uma obra pode ser analisada tomando outra como interlocutor;
4- uma obra pode ser discutida e avaliada dentro do percurso de seu autor;
5- um autor pode ser estudado, pelo seu percurso, tomando a trajetória de outro como contraponto;
6- uma obra, um autor, ou um percurso artístico podem ser analisados dentro de sua época, assim como fora dela. Para que isso se sustente e se torne lícito é necessário apontar os critérios adotados nesta articulação.

Procurarei me manter atento ao modelo de mídia escolhido (blog) e respeitar suas características: textos breves e atualização permanente.
Para aqueles que acessarem este blog, espero que possamos, por meio dele, compartilhar o gosto pela arte e pela discussão contínua que ela promove.
Então, dados os primeiros passos, não nos demoremos mais. Adiante, andemos nesta nossa longa caminhada.

Por hora, pra começar, é isso!!!

Até mais!!!!

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